Pouco antes do incêndio, a área de Informática teve algumas alterações em sua estrutura, devido à saída de seu Gerente Geral para assumir o cargo de Gerente Geral da ISAPAR, holding do Grupo. Para substitui-lo foi contratado um novo gerente oriundo de uma companhia congênere. Com essa alteração, a área de desenvolvimento de sistemas foi dividida em duas, a área de Análise, que teve seu chefe mantido e a área de Programação, para a qual foi contratada uma nova funcionária.
Para tentar melhorar o entendimento, vamos falar primeiro da perda do equipamento que possuíamos, um IBM /3 – modelo 10, no incêndio. Acionada, a IBM só encontrou uma única empresa no Rio de Janeiro, com o mesmo modelo que utilizávamos. Procurada, esta empresa (Rede Ferroviária Federal-RJ), informou que não poderia nos ajudar com a cessão de seu espaço ocioso, pois seu ambiente era considerado de segurança nacional.
Anteriormente, já utilizávamos o equipamento IBM/3 modelo 15, da Casa Garson em outros serviços, porém para isso, teríamos que compilar todos os fontes dos programas de nossos sistemas, gerando os programas objetos para execução neste modelo de computador.
A disponibilização para nossa utilização era no período noturno, das 24 às 06 horas e aos domingos.
Em paralelo, restauramos os backups armazenados no escritório da área de Vendas na Rua São José, dos programas fontes e dos arquivos de dados dos movimentos mensais.
Na análise das informações constatamos que o último backup tinha sido realizado 6 meses antes do incêndio, indicando que todas as alterações dos programas nos últimos 6 meses, teriam que ser refeitas.
Nesta situação, a maioria das alterações foram recuperadas e corrigidas antes da execução da rotina. Como exemplo, nos sistemas contábeis foram 36 alterações, sendo que somente duas foram descobertas quando da execução.
Constatamos também que um programa do sistema de estoque estava em manutenção na época de realização do backup. Esse programa era o formatador do movimento de estoque e que por consequência teria que ser recriado integralmente, ou executado em um equipamento idêntico ao nosso. Devido a essa situação, o sistema de DCP (Demonstrativo de Controle de Produtos) do Conselho Nacional de Petróleo, que utilizava as informações mensais do estoque, ficou para ser processado sempre após o processamento do estoque.
Para nossa sorte, num determinado dia, recebi um telefonema de um empresário de Belo Horizonte que possuía um equipamento /370 da IBM. Ao saber da notícia do incêndio, colocou sua empresa à disposição para ajudar no que precisássemos. Relatei os problemas acima e ele disse que faria o possível para nos ajudar de qualquer forma. Informei o acontecido ao nosso Gerente da Informática e ficamos aguardando o retorno de alguma informação do mesmo. Passados dois dias ele retornou e me informou que encontrou um equipamento /3 modelo 10 em BH e que já tinha negociado com a empresa a liberação, com restrições de uso: sextas-feiras de 24:00 as 06:00 horas de sábado e sábados de 12:00 às 06:00 de segunda-feira.
Fiquei surpreso, quando ele me informou o nome da empresa que liberou seu sistema para nós: Rede Ferroviária Federal-MG. Passei a ligação para nosso Gerente de Informática, para ajustar todo o processo conseguido com esta excelente ajuda.
Outro desafio encontrado dizia respeito à falta dos backups dos movimentos mensais. Os arquivos originais foram perdidos no incêndio, o que exigiu que as bases enviassem todos os documentos gerados no ano de 1981, a partir dos quais foram recriadas as informações contábeis e fiscais.
Assim que a Área de Controle de Documentos recebia as documentações das bases, iniciava todo o processo de digitação e do sistema de validação das informações (BRD- Boletim de Remessa de Documentos, BCG-Boletim de Caixa Geral), necessários à geração do movimento mensal.
Após o fechamento de um mês os sistemas que podiam ser executados na Casa Garson eram liberados para processamento, gerando as informações para os demais sistemas. Os sistemas de Estoque e DCP, que dependiam da geração do movimento mensal, só seriam executados no ambiente cedido pela Rede Ferroviária Federal em BH, a cada quinze dias, contemplando os dois meses fechados no período. Como curiosidade, o espaço de processamento era de 24:00hs de sexta às 06:00hs de sábado e de 12:00hs de sábado às 06:00hs de segunda, que totalizavam 48 horas de processamento. Em contra partida, a execução de um mês do Sistema de Estoque e DCP demorava 24 horas, logo o processamento de dois meses, levava exatamente 48 horas. Não tínhamos nenhuma possibilidade de cometer qualquer tipo de falha.
As informações dos meses correntes eram digitadas e processadas em todos os sistemas que não dependessem de saldos de meses anteriores, ficando estacionadas até a chegada das informações dos meses anteriores. Como exemplo, o fechamento mensal da Contabilidade só poderia acontecer quando conseguíssemos regularizar todo o passado.
Apesar da carga de trabalho ter aumentado de forma significativa, todos os setores envolvidos participaram de forma brilhante para a recuperação dos dados da Empresa e sem desmerecer ninguém, na Área de Operação, cito a atuação excelente do PB.
Enfim, tudo resolvido!
Roberto Leandro
23/12/2024
Nota do Editor: mais sobre o incêndio em:
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