Minha contribuição será feita em doses homeopáticas, pois como diz o poeta: “quem sabe tudo e diz logo fica sem nada a dizer”.
Capítulo I – A prova de fogo.
Era o mês de fevereiro de 1985, quando vi um anúncio no Jornal do Brasil (classificados de domingo – época boa), que só faltou meu nome, pois era exatamente tudo que eu fazia. Eles até podiam ter começado assim: “Jaci, precisamos de você!”.
Queriam um especialista em Telecomunicações e Informática (Telemática), para implantar uma rede de transmissão de dados, numa tal de Ipiranga, que eu já tinha ouvido falar, e visto um ou dois postos de gasolina, bem feinhos por sinal.
Imaginem como achei que seria a empresa! Não botei fé.
Na segunda-feira, fui trabalhar, e lá chegando, um certo alguém, que me persegue até hoje, veio correndo me mostrar o anúncio, dizendo: "Você viu? Só faltaram colocar teu nome" (até hoje ele tem essa mania de adivinhar o que estou pensando)!
Cadê teu currículo? Mande logo.
Como não tinha colocado fé, manifestei meu desânimo em me candidatar, e quase apanhei, deste certo alguém. Então dei outra desculpa: não sabia onde ficava.
Ele me disse: "aqui pertinho. Eu vou com você na hora do almoço".
Depois disto tudo, não tive como não fazer o que ele estava “me ordenando”! E lá fomos.
Juro que me impressionei quando cheguei no prédio. Muito bonito. Não tinha nada a ver com os postinhos feios que conheci.
Me encaminhei à recepção e lá estavam duas lindas recepcionistas. Uma loira, muito simpática (chamada Claudia), que imediatamente me atendeu, e uma morena, também muito bonita, mas que não me deu a menor atenção. Depois descobri que o nome dela era Maria Augusta.
Disse a que vim e a Claudia prontamente me pediu o currículo, dizendo que o encaminharia à área de RH.
Na quarta-feira recebi um telegrama, pedindo que comparecesse à empresa.
Lá chegando, fui primeiramente entrevistado pelo gerente da divisão naquela época, Luiz Fernando, que após um bate papo me encaminhou ao chefe da área do suporte, Enrique (isso mesmo, com E).
Após uma rápida conversa, Enrique resolveu me mostrar o que já tinham conseguido fazer em termos de comunicação de dados e me levou ao CPD, onde estava um funcionário (o único que até então havia se interessado pela área, de nome Francisco), tentando fazer com que um Cobra 305 falasse com outro Cobra 305 localizado na base de Caxias.
Ao ser apresentado como especialista no assunto e um dos candidatos à vaga, o rapaz imediatamente me disse:
“ah, você entende disso? Então me diga por que eu consigo fazer a comunicação com um “cobrinha” em São Paulo (na base de Ipiranga), com uma ligação telefônica muito pior que essa aqui e não consigo fazer com Caxias, aqui pertinho?”, e me passou o telefone dizendo, "escute só".
Falei, meio sem jeito, com a pessoa do outro lado da linha (que anos depois conheci e foi cantar na nossa Prata da Casa – o grande Robertinho), devolvi o telefone, perguntei ao Francisco se o modem que ele usava para São Paulo era aquele, ao que ele confirmou, e eu disse: "é por isso mesmo. A ligação está muito boa".
Imaginem a cara dele quando falei isso, mas me apressei a explicar.
Pedi que ele trocasse uma determinada configuração da placa do modem, para outra posição e tentasse novamente. Assim que o fez, a comunicação se estabeleceu e ele conseguiu transmitir os dados.
Expliquei-lhe, então, que aquela mudança de configuração resolveu o problema pois era a que deveria ser usada quando o sinal estivesse muito forte, situação diferente da comunicação com São Paulo.
Neste momento o Enrique me perguntou, com aquele sotaque uruguaio que lhe era característico:
“QUANDO VOCÊ PODE COMEÇAR?”
Jaci Guilherme
11/07/2023
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