O destino nos surpreende mas só damos conta disso anos depois, quando olhamos para trás fazendo uma reflexão da vida.
Entrei na Ipiranga em março de 1986 para o cargo de operador de computador. Me encontrava muito feliz porque era o meu primeiro bom emprego, na verdade um excelente lugar para trabalhar.
Fascinado com o ambiente reinante me dediquei ao máximo para entregar um trabalho de qualidade junto com os demais colegas de turno da tarde. Era uma carga de seis horas diárias que permitia ter dois empregos e eu trabalhei assim durante anos.
Voltando ao assunto, e como sempre fazia, Bonato nos entregava no CPD o total de registos apurados do faturamento diário em um pequeno pedaço de papel.
Nesse dia ele encontrou um cinzeiro no CPD e soltou os cachorros em nós, dizendo para avisá-lo caso encontrássemos outro cinzeiro.
Ele estava correto pois o CPD não era lugar para fumar, apesar da lei na época ainda não ter regulamentação de espaços adequados para isso. Pelo exposto já podem imaginar o que vinha por aí.
Tempos depois, encontrei mais um famigerado cinzeiro e ingenuamente levei até a sala dele (na “produção”) sem perceber o humor dele no momento. “Dá licença senhor, posso lhe falar?” “Entra e seja breve”. “Então, encontrei outro cinzeiro e trouxe aqui conforme seu pedido”.
Ele me olhou meio que com raiva, pegou o cinzeiro da minha mão e jogou com força na lata do lixo dizendo “E eu lá quero saber disso desde quando?” “Bem, é que o senhor…" “Saia daqui pois tenho outros problemas para resolver”.
Voltei para o CPD bem magoado, triste mesmo e paguei o preço da imprudência.
Resiliência nem tinha esse nome na época, mas vivi esse amargo momento. Com certeza alguém na produção deve ter chamado a atenção dele dando conta da grosseria. Ainda no mesmo dia ele entrou no CPD puxando assunto na intenção de se desculpar. Rodeou e falou de diversos assuntos e nada de desculpas.
Pedir desculpar é tão simples e honroso, mas aceitei que aquele era o jeito dele de pedir desculpas.
Vida que segue e acabamos nos aproximando naquele maravilhoso ambiente de trabalho e quando nos demos conta já éramos amigos. Um homem de personalidade forte e caráter inabalável tornou-se um dos alicerces do nosso pequeno trabalho fora da Ipiranga.
Em 1990 quatro amigos de FNI criaram um pequeno grupo que tinha como objetivo ajudar orfanatos e asilos. O Grupo Luz do Caminho existe até hoje e prossegue ajudando asilos e distribuindo cestas básicas e levando apoio e conforto a famílias necessitadas.
Para saber um pouco mais sobre esse trabalho basta entrar em contato com o Geraldo.
Naquela época nasceu uma bela amizade por causa de um cinzeiro.
Gratidão!
Geraldo Ferreira
14/07/2023
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