Na década de 1980 dominavam a Ipiranga os mainframes IBM, sistemas operacionais VSE, seguidos do MVS, do VM/CMS, uma das primeiras ferramentas de virtualização, etc. Além, no caso da produção, do JCL, linguagem que instruía o sistema operacional a executar os programas Cobol e RPG.
Estávamos na Era dos “dinossauros”. Nesta época, fiz minha primeira viagem de avião. O destino: Porto Alegre. Tinha o objetivo de colaborar com o novo CPD, transferindo para lá o sistema Alíneas.
Voar me causava pânico, mas o colega que me acompanhou tentou amenizar: “Pior é o pouso e a decolagem, depois é aproveitar. Fica tranquilo, estou aqui”, disse com uma serenidade quase crível. O gigante Boeing assemelhava-se a um Pterodáctilo, o que aumentou o temor. Após a permissão para decolagem, a ave de metal girou os motores e começou a trepidar até soltar as amarras. A aeronave corria pela pista em alta velocidade, eu olhando pela janela e nada dela sair do chão, a pista acabando...
Apavorado, virei para o lado a fim de encontrar a paz prometida e eis que o encontro de boca aberta, babando o sono dos justos. Gritava seu nome “Socorro!”, sem sucesso. Finalmente o avião planou e, subitamente, o colega despertou da morte aparente, dizendo: “Viu como é tranquilo?”
Vale ressaltar que ele fez o mesmo na aterrissagem.
Nos anos 90, um cometa atingiu o Planeta Ipiranga. Objetivo: modernizar a TI, talvez extinguir “dinossauros” e mainframes. Trazia com ele a sentença downsizing escrita numa telinha azul chamada Windows.
Chegou o tempo de diminuir o tamanho das coisas, inclusive custos, promovendo a evolução da tecnologia. Novas ferramentas surgiram, sem contar a expansão de território.
Na produção, o trabalho de criar o schedule do que seria ou não processado durante a noite, suas pendências, dependências e ações, era um verdadeiro quebra-cabeças diário. Mas havia um homem que tinha tudo isso gravado na mente. Incrível como ele - quase saiu o nome dele... digamos PB - sabia de cor e salteado como tudo deveria ou não ser executado.
Até que o software Control/M chegou para otimizar este árduo trabalho braçal. Em TI mudança é sempre uma constante.
A Ipiranga foi invadida por PCs, Internet, cabos de rede, Netscape, Unix, Lotus Notes, Oracle, ERP/JDEdwards, dentre outros. Um novo mundo surgia, assustando e encantando a todos. O mainframe e os “dinossauros”, no entanto, resistiram. O tempo, santo remédio, promoveu uma acomodação para antigas e novas tecnologias. Afinal, ainda havia e há espaço para ambas.
Próximo ao ano 2000 só se falava em duas coisas: bug do milênio e final dos tempos. Nenhum deles aconteceu. FNI se preparou bem, ciente que TI é uma engrenagem complexa onde todas as peças dependem umas das outras para seu bom funcionamento.
Nesta década, fui transferido para o suporte técnico onde conheci novas ferramentas e aumentei o círculo de amizades. Diversas áreas de conhecimento surgiram e, incansáveis, debruçávamos sobre elas, aprendendo e evoluindo. Cada um em sua esfera de atuação.
No entanto, como tudo na vida, anos depois, ninguém imaginaria que outros mundos se uniriam e transformariam o Planeta Ipiranga. E segue mais aprendizado e experiência. Para muitos, o fim de uma Era..., mas como bem disse o poeta: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.
E valeu, por quase 30 anos!
Mauro Barbosa
22/06/2023
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