O meteorito, o carro novo e o sorvete de casquinha

Uma das características mais marcantes em FNI era a maneira pela qual os seus integrantes se entregavam ao trabalho e à solução de problemas, parecendo não haver limites para essa disposição.

Foi assim na imensa maioria das situações, em especial quando havia um problema grave a resolver.  Como o que aconteceu em determinado momento, quando resolvemos adotar a nova linha de computadores Medidata OMNI como responsável pelo processamento descentralizado do Sistema ABADI em todo o Brasil.

Cada uma das regiões comerciais da CBPI mantinha um pequeno CPD, onde esses computadores eram utilizados para o processamento das rotinas do ABADI, sendo esse um dos grandes diferenciais da Ipiranga frente aos seus concorrentes.

Naquele momento, entretanto, alguns dos OMNI apresentavam funcionamento problemático, travando sob certas circunstâncias que até então não haviam sido descobertas.  Mais tarde o laboratório da Medidata detectou uma pequena falha envolvendo capacitores de acoplamento em uma das placas de circuitos e o defeito foi definitivamente resolvido.

Mas até que se chegasse a essa conclusão, uma série de hipóteses foram levantadas e todas as que pudessem estar causando algum tipo de problema foram investigadas à fundo pelas diversas equipes de TI: desenvolvimento, suporte, comunicação de dados, etc.

A Região Sul, com sede em Curitiba, era uma das que apresentavam mais travamentos, tendo o nível de falhas extrapolado todos os limites, o que vinha causando sérios problemas administrativos.

Faziam parte dela o Jaci, o engenheiro eletricista da empresa que acabara de reformar o CPD da Matriz, e eu.

Munidos de equipamentos de medição, armas e bagagens, viajamos para Curitiba, onde nos aguardava o Gerente de Operações da Região.  Chegamos lá pouco depois das 13:30hs e o nosso anfitrião nos recebeu gentilmente, em seu carro novinho em folha, ainda cheirando à concessionária.  

Como não tínhamos almoçado, saímos do aeroporto de Curitiba dispostos a saciar nosso apetite e partimos em busca de um lugar para comer.  Percorremos a longa Avenida das Torres, desde São José dos Pinhais até o centro da cidade e paramos num restaurante.  Contudo, como passava bastante das 14:00hs, fomos informados que o local estava “fechado para almoço” e que naquele horário não atendiam clientes.

Embora surpresos, partimos para outra tentativa.  Em vão! Por mais que procurássemos, a resposta era sempre a mesma: “estamos em horário de almoço para os funcionários e não atendemos clientes”.  E assim foi:  Alto da Rua XV, Batel, Centro… nada!

Por mais que tentássemos não conseguimos encontrar nenhum lugar para almoçarmos. Até que a nossa paciência acabou e resolvemos parar num McDonald´s!

Problema resolvido.  Não era o que pretendíamos, mas quebrou o galho.  E para compensar o estresse, nos demos o direito de degustar uma sobremesa.  Eu e o nosso colega eletricista optamos por uma tortinha de maçã, enquanto Jaci preferiu um reluzente e bem servido sorvete de casquinha.

Dirigimo-nos de volta ao carro do nosso anfitrião. Depois de nos alojarmos confortavelmente, ele não conteve a curiosidade e perguntou ao dono do novíssimo veículo:

•⁠  ⁠Por que você ainda conserva os plásticos de proteção sobre os bancos?

A resposta não se fez esperar:

•⁠  ⁠Por causa das crianças!  Volta e meia elas derrubam comida ou bebida nos assentos!

Mal acabara de falar e a bola de sorvete da casquinha do Jaci se estatelou sobre o banco do passageiro!

As gargalhadas e as brincadeiras continuaram até o nosso destino!

Epílogo.

As medições elétricas transcorreram sem maiores surpresas.  A infraestrutura local estava OK.  E nem sinal do meteorito!

Hehehe…

Philippe Gusmão
13/07/2024

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