Aproveitando que o Ricardo disponibilizou na seção Bits & bites do nosso site alguns vídeos sobre a história de empresas brasileiras pioneiras no desenvolvimento de mini e microcomputadores, resolvi contar aqui esse “causo” que, por incrível que pareça, aproxima de novo o DNER da Ipiranga e como que prevê com alguma antecedência, o encontro profissional de alguns de seus membros. Tipo assim, escrito nas estrelas!
No DNER eu e o Jaci iniciamos, alguns anos antes, um trabalho pioneiro de implantação de uma rede de comunicação de dados, quando pouquíssimas empresas e pessoas sabiam do que se tratava. Era nossa missão desbravar esse mundo novo e prover conectividade entre as dependências daquela autarquia e mais, interligá-la também a outros órgãos do antigo Ministério dos Transportes, Brasil afora.
Chegamos a realizar congressos online desde São Luiz no Maranhão (duas vezes), Brasília, Salvador e Florianópolis, praticamente “ensinando” às concessionárias de telefonia, Embratel inclusive, como queríamos que as coisas funcionassem em termos de canais de comunicação.
Foram tempos difíceis e trabalhosos, mas muito recompensadores em termos de aprendizado e realizações.
Parte desse trabalho consistia em preparar e interconectar uma estrutura computacional complexa, formada não apenas pelos mainframes IBM (eram inicialmente dois no DNER), mais um Cobra 300, e depois novos computadores em algumas autarquias e um Itautec I-9000, rodando (pasmem) o sistema operacional VM/370 da IBM.
Esse computador, o primeiro de dois, nos foi entregue quando não contávamos mais com a ajuda do Jaci, pois ele já estava trabalhando na Ipiranga.
Certo dia, tivemos um problema com o VM-C, que rodava justamente no Itautec I-9000. Algum drive dos utilitários “Passthrough” ou “RSCS” deixou de funcionar adequadamente e não conseguíamos compartilhar o “spool” de impressão do Itautec com o das demais máquinas IBM.
Abrimos um chamado no fabricante nacional e aguardamos a chegada dos técnicos.
Pouco tempo depois, lá pelas 10:00 h, chegaram às nossas instalações duas estagiárias da Itautec: as senhoritas Laila e Denise.
Educadamente dirigi-me a elas, as cumprimentei e olhei discretamente para os seus crachás de identificação, onde constavam seus nomes e as respectivas fotografias.
Li então o nome da primeira e confirmei: Srta. Laíla (pronunciei enfatizando o acento agudo no “i”)!
E ela, instantaneamente e com o semblante bem sério me devolveu a resposta, dizendo: Laila! E pronunciou corretamente o seu nome, como eu deveria ter feito (!)
Ressabiado, distanciei-me e deixei-as trabalhando em paz.
Cerca de meia hora depois a Laila veio ter comigo e me disse o seguinte:
- Conseguimos resolver o problema do “Passthrough”. Contudo, o “RSCS” requer mais tempo e conhecimento e estamos escalando o problema para um nível maior de especialização. Mas não podemos ficar aqui esperando o outro técnico chegar. Precisamos ir embora agora mesmo.
Curioso, indaguei por que motivo. Ao que ela, com um grande sorriso, me respondeu:
- Hoje é o casamento da minha colega. Ela não devia nem estar aqui trabalhando, mas resolveu me acompanhar e vai direto daqui para casa, para se preparar para a cerimônia, logo mais à noite!
Imediatamente as liberei, desejando-lhes boa sorte e muitas felicidades para a noiva!
Pouco mais de um ano depois, eu era colega das duas na Ipiranga!
Coisas do destino...
Philippe Gusmão
03/08/2023
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