Meados de 1999 e mais uma missão a ser cumprida, e desta vez, na terra da garoa, no mês de junho para sentirmos o clima que consagra o título da nossa metrópole SAMPA. A previsão era de dias frios e noites geladas, clima propício para um bom vinho, não é?
Todo aquele preparo, que já comentei em uma outra crônica: reserva de hotel, passagens, materiais, equipamentos, logística e planejamento detalhado para a execução das tarefas. O projeto era muito especial e tinha como objetivo realizar a fusão da Região Oeste, que ficava em Ribeirão Preto - SP, com a nossa maior regional, a Região Centro, instalada num lindo prédio muito semelhante ao da Matriz no Rio de Janeiro, situado à Rua Antônio Carlos, quase esquina com a famosa Rua Augusta e paralela à ainda mais famosa Avenida Paulista, um local icônico na bela cidade de São Paulo. Neste mesmo prédio também estava instalada a IASA (Ipiranga Asfaltos) que, apesar de possuir os seus próprios sistemas e infraestrutura local, também fazia uso e compartilhava de alguns recursos da nossa infraestrutura.
Assim, e tendo em vista a importância e complexidade do projeto, organizamos uma equipe multidisciplinar formada por seis especialistas da área de Informática, além de dois residentes na localidade.
Era um diferencial no nosso planejamento organizarmos as atividades e tarefas dos projetos de forma a executar o máximo de ações reduzindo assim tempo, otimizando custos, ganhando em escala e antecipando, sempre que possível, a implantação de novos recursos e tecnologias.
Partimos para São Paulo preparados para horas de trabalho e viradas nas madrugadas, mas, de uma certa forma, fomos com o coração um pouco apertado, pois era o final de semana do Dia dos Namorados, dia 12 de junho.
Não tínhamos uma outra saída, uma outra data, aliás os nossos próximos dias e meses estavam repletos de projetos e tarefas tão ou mais complexas do que essa e não nos restavam opções a não ser deixar as esposas ou namoradas em casa enquanto curtíamos a nossa Metrópole.
Desembarcamos numa quinta-feira à tarde e já iniciamos os trabalhos assim que o expediente se encerrou para os normais. Pequena reunião, pois já tínhamos planejado tudo na semana anterior, distribuímos as atividades e mãos à obra. No dia seguinte, mais atividades durante o dia com todo aquele cuidado para manter tudo funcionando (manutenção do motor com o avião em voo) até chegar o final do expediente e execução das rotinas para novamente vararmos a madrugada com as demais atividades, conforme registradas aqui no nosso site, na página Fotografias.
Mais um dia vencido e chegou o sábado, Dia dos Namorados! E lá estávamos todos unidos novamente para a arrancada final, pois no domingo o plano era “descanso”: chegar no hotel no raiar do dia, tomar aquele banho, descer para o café da manhã, descansar um pouco, passar na localidade e fazer mais uns testes, sair para almoçar e depois dar um rolê na Paulista, um programa muito procurado por turistas e também pelos paulistanos. Mas a noite também nos reservou um plano especial que jamais irei esquecer...
Mais ou menos 21 horas, muito cansados e com aquela fome louca, começamos a pensar onde iríamos jantar. Pergunta vai, pergunta vem, liga pra um lugar, liga pra outro e todos lotados, e por mais incrível que pareça, nem as pizzarias por perto estavam fazendo entrega, ou o tempo ultrapassava mais de duas horas. Então, como estávamos entrando em desespero, resolvemos sair para encontrar um lugar aberto e com vaga para os seis esfomeados! Andamos pela redondeza e por fim alguém disse que tinha um restaurante numa rua próxima que talvez estivesse aberto. Partimos para o local e para a nossa alegria havia vaga, só tinha um pequeno detalhe: o restaurante era de culinária exclusivamente francesa. Nada contra, pelo contrário, mas com aquela fome de leão, não seria o mais indicado. Mas era a única opção ou a “santa” opção naquele momento.
Fomos recepcionados ainda na porta de entrada por um garçom que, um pouco constrangido, nos disse com toda educação: “Sejam todos muito bem-vindos. Nesta noite, a casa está com uma promoção especial em comemoração pelo Dia dos Namorados”. Respirou fundo, fez uma pequena pausa com um sorriso entre os dentes, que eu nunca vou esquecer, e continuou gaguejando um pouco: “Cada par ou casal tem direito a uma taça de vinho, podendo ser tinto ou branco”.
Imediatamente e sem perder tempo peguei na mão do Pedrão, que estava ao meu lado, e disse: “Querida, você escolhe o vinho” (acho que ele não gostou muito da brincadeira...).
Na saída, o mesmo garçom veio com rosas nas mãos e novamente com aquele sorrisinho nos disse: “Além da taça de vinho, cada casal tem direito a uma rosa”. Foi aí que meu "companheiro" se vingou pegando minha mão e dizendo pro garçom apontando pra mim: “Pode entregar para ela”.
Saímos rindo, conseguimos encontrar um local que tinha um sanduíche para matar a fome que ainda persistia, voltamos para terminar o serviço, fomos para o hotel antes do amanhecer e seguimos firmes o plano “descanso”: tomamos um banho (CADA UM NO SEU QUARTO), descemos para o café, descansamos, passamos na localidade para alguns testes, saímos para almoçar e depois fomos dar um rolê na Paulista. Na segunda-feira, estávamos lá na Ipiranga para acompanhar as atividades após a grande mudança, que foi um sucesso.
Chegando em casa a minha esposa perguntou: como foi a noite no Dia dos Namorados? Respondi que tinha sido a noite mais especial da minha vida e rimos muito, muito mesmo.
Tempos áureos e que privilégio ter participado de momentos tão especiais.
Ao lado de pessoas fantásticas!
Daniel Michel Apostolidis
24/10/2023
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