Em 1990 fui contratado pela Companhia Atlantic de Petróleo para alavancar a área de Microinformática. Nos três anos seguintes planejamos e instalamos a infraestrutura para uma Rede Local com aproximadamente 200 desktops e pools de impressão distribuídos nos diversos andares do prédio 66 (Bloco A) situado a praia do Flamengo na cidade do Rio de Janeiro.
No final do ano de 1993 e início de 1994, após consolidada a compra da Atlantic pela CBPI, um novo projeto me foi atribuído: a migração de toda Rede para o prédio da Ipiranga, no bucólico bairro de São Cristóvão, também no Rio de Janeiro.
O desafio foi enorme, pois havia a necessidade da montagem de toda a infraestrutura de cabeamento e componentes além da configuração de toda Rede para receber os equipamentos oriundos da Atlantic. A migração deveria ocorrer de forma a permitir o mínimo de downtime dos sistemas, aplicativos e ferramentas utilizados na Atlantic e que seriam incorporados nas rotinas da Ipiranga. Na fusão das empresas, a gerência de TI não poupou esforços e não economizou no planejamento e no cuidado para manter os serviços ativos e sem nenhum impacto na sua operação, e assim se deu a migração. Mantivemos os sistemas ativos durante todo o processo de migração, com um grande esforço das equipes em turnos nas madrugadas e finais de semana.
Durante os anos seguintes fomos expandido a rede e instalando servidores e infraestrutura de Rede Local nas regionais da CBPI.
A empresa tinha o seu processamento distribuído em 5 regiões.
No estado do Paraná em sua capital Curitiba, a Região Sul. No estado de São Paulo existiam duas regionais a Região Centro na própria capital e a Região Oeste na cidade de Ribeirão Preto.
No Rio de Janeiro a Região Leste no bairro de Vila Isabel e no estado da Bahia a denominada Região Norte, em Salvador e foi nesta a ocorrência inusitada.
Nos preparamos e fizemos o planejamento para a instalação da nova infraestrutura na regional em Salvador.
Fizemos algumas viagens para acompanhamento das obras de alvenaria, elétrica entre outros serviços para a instalação dos novos equipamentos (racks para acondicionamento dos switches, patch panels para o cabeamento estruturado e demais itens de infraestrutura). Também ocorria em paralelo a visita a outras companhias para escolha de uma empresa técnica parceira que pudesse nos auxiliar na instalação dessa infraestrutura, ou seja, um planejamento que envolvia diversas atividades e equipes distintas.
Enquanto a obra era realizada e a instalação dos componentes de infraestrutura eram executados no local havia uma outra equipe trabalhando no prédio Matriz no Rio de Janeiro na preparação do servidor, elaboração e geração das novas configurações que seriam instalados nos desktops e notebooks dos usuários da regional para acesso não só ao novo serviço de rede local como também para a continuidade dos acessos aos sistemas corporativos em uso.
Tudo pronto, equipamentos de rede instalados e configurados na regional, endereçamento IP ok, estações de trabalho com os componentes pré-configurados para acesso a nova rede local, pool de impressão devidamente configurado restando apenas a chegada do novo Servidor de Arquivos/Rede à localidade, ressaltando que a Regional continuava operando de forma normal e sem nenhuma interrupção nos seus serviços, pois as atividades que causavam indisponibilidade eram sempre realizadas durante a madrugada.
Eu era o responsável direto pelo projeto e planejamento de atividades burocráticas e técnicas e também responsável pela instalação e preparação do Servidor de Arquivos/Rede e estações de trabalho e junto com as equipes de rede e telecomunicações elaborávamos todas as etapas.
O que me chamava muita atenção era a forma como trabalhávamos. As equipes tinham uma sintonia ímpar, penso que tudo isso era resultado da forma como éramos gerenciados, pois os nossos coordenadores diretos, a nossa gerência e a gerência geral de FNI (como nossa divisão de informática era identificada) também tinham a mesma afinidade e objetivos e isso reverberava por toda a equipe (o nosso gerente dizia: “essas equipes trabalham como se fossem uma orquestra tocando uma música”).
Configuramos o Servidor, embalamos o equipamento e enviamos para Salvador.
Dias depois, dentro do esperado, recebemos a informação de que o Servidor havia chegado na localidade.
Como parte do planejamento, reservei as passagens, estadias das equipes e nos preparamos para uma semana inteira de muito trabalho, muita água de coco, acarajé e é claro, um belo chopp gelado ao final do trabalho.
A nossa viagem estava agendada para um domingo. No sábado recebemos a informação de que havia ocorrido um incêndio no andar e que o servidor tinha virado uma caixa de metal retorcida.
O incêndio havia sido causado, provavelmente, por rádio AM/FM indevidamente instalado em uma das tomadas do piso elevado nesta sala junto do CPD, provavelmente esquecido por um operário de uma das empresas terceirizadas.
Fizemos um trabalho emergencial de rescaldo e executamos um plano emergencial sem gerar impacto na operação da regional. Nos multiplicamos em tarefas e conseguimos finalizar o projeto alguns dias após o incidente.
“PÔXA, A NOSSA EQUIPE TRABALHAVA POR MÚSICA, COMO SE FOSSE UMA ORQUESTRA, NÃO PRECISAVA INSTALAR UM RÁDIO!”.
Penso que o nosso trabalho ao longo de muitos anos, principalmente os desenvolvidos da década de 90 até o início dos anos 2000 foram os que levaram a CBPI a ser a empresa que hoje é. Fomos pioneiros e protagonistas em uma época em que a informática passou a ser definitivamente a base e área fundamental para o crescimento e sucesso das empresas.
Parabéns a cada um que contribuiu para que isso se tornasse a realidade atual e eu me sinto enormemente feliz por ter feito parte desse processo ao lado de grandes profissionais e por ter tido gestores que souberam nos conduzir como se fossem os maestros dessa banda.
Para mim foi um enorme privilégio.
Daniel Michel Apostolidis
23/05/2023
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