Já quase que tradicionalmente, no último trimestre de cada ano, acontecia o programa de seleção e contratação de estagiários para o ano seguinte, abrangendo todas as dependências e áreas da Ipiranga.
Cabia a Recursos Humanos coordenar o recrutamento e escolha inicial dos candidatos, num processo seletivo bastante rigoroso, com a seleção final cabendo à área onde o estagiário iria trabalhar.
Na Seção de Controles Internos era a Liliane quem acompanhava todo o processo para ajudar na busca do melhor estagiário, de acordo com critérios previamente definidos em conjunto. Na fase semifinal ficavam dois candidatos que então eram entrevistados por mim para a escolha final.
No processo seletivo para o ano de 1998, Liliane recebeu as indicações de RH devidamente avaliadas e, ao me apresentar os nomes pré-selecionados por ela, observou que um deles era de uma candidata afro-descendente (como diríamos hoje…).
Perguntei se ela tinha incluído a candidata para a fase final por algum motivo não técnico. Liliane respondeu que não. Todos os nossos critérios foram plenamente atingidos pela aspirante ao cargo, mas não sabia como eu iria reagir.
Apenas reafirmei que, se a seleção tinha sido não emocional, não tinha problema nenhum.
Na entrevista de seleção fiquei muito bem impressionado com a Cintia.
Prestes a se formar em administração na UFF (Universidade Federal Fluminense), tinha que se deslocar diariamente de Inhaúma (onde morava com os pais) para a universidade, em Niterói. Bastante articulada manteve o controle emocional na entrevista. Pensei, com os meus botões, “se ela ganhar a vaga vai se esforçar muito e certamente não faltará dedicação”. Optei por escolher a candidata para a vaga que tínhamos.
Dias depois, uma analista de FIS veio me parabenizar, no restaurante, pois eu tinha sido o primeiro chefe a ter um estagiário afro-descendente. Entre surpreso e agradecido pelo cumprimento, disse à analista que a escolha foi feita exclusivamente pelo potencial que ela demonstrou ter. Por óbvio, o pioneirismo também cabia à FNI.
Na festa de final de ano, acabei cruzando por um dos principais acionistas das Empresas Ipiranga, muito simpático e acessível a todos, diga-se de passagem, que conversava com o Diretor Superintendente de nossa empresa. Ao cumprimentá-los, percebi que olhavam em direção da Cintia. Fiz questão de chamá-la e apresentá-la às duas importantes figuras da Ipiranga.
No ano seguinte Controles Internos foi transferido para a Auditoria. Não havia vaga para efetivação dela em FNA. Convenci-a de aceitar uma vaga aberta na Central de Atendimento pois seria bem mais fácil no futuro transferi-la de volta para a Auditoria assim que houvesse vaga.
E foi o que aconteceu. Ela foi trabalhar efetivada como auditora junior em FNA. Anos depois foi transferida para a Fábrica de São Cristovão. Conquista após conquista, provou ter sido a melhor escolha dentre os candidatos a estágio daquele ano.
Ao escrever sobre tudo isso, lembrei-me de outra contratação que aconteceu poucos anos antes e que assim como no caso dela, provocou várias e distintas reações na empresa, pelo ineditismo que trouxe: Cláudio, programador, cadeirante! O que provocou várias mudanças conceituais e físicas na CBPI, como novas configurações nos banheiros, melhoria na acessibilidade para os deficientes físicos (que praticamente não existia), definição de estacionamento específico, etc. No Rio e em outros locais onde a Ipiranga atuava, as respectivas administrações como que “acordaram” para essas necessidades. Claudio ficou conosco alguns anos, alegrando-nos com seu ótimo humor e foi transferido para São Paulo, aproveitando uma excelente oportunidade lá surgida.
Estes paradigmas, entre outros, quebrados pela área de Informática, demonstram que havia um forte espírito de equipe, com forte propensão à mudança e à evolução, não só tecnológica mas também comportamental!
Bons tempos!
Alípio Rangel
03/04/2024
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