Foi com essa frase que cheguei em casa. Uma empresa brasileira tinha comprado uma concorrente americana! Era muito orgulho. Daquela empresa eu admirava muita coisa.
Poucas semanas depois a diretoria me deslocava da gerência da Auditoria para a gerência de Informática da Atlantic. Poucos executivos foram enviados para a Atlantic: um no financeiro, um no marketing, um diretor e eu na Informática. Todos nós tínhamos a missão de manter a empresa funcionando o mais normalmente possível e dar suporte para a incorporação que viria.
Eu era oriundo da informática, FNI, mas naquele momento já tinha sido promovido a gerente da Auditoria da CBPI. Concluíram que eu entendia de sistemas e de processos e além da informática na Atlantic, me deram a missão de coordenar o projeto de incorporação como um todo, o que na realidade era apenas acertar as pontas de todas as ações que as áreas eram efetivamente as responsáveis. Esse “apenas” desencadeou um processo de ansiedade que durou anos...das 8hs às 17hs na Atlantic e depois até às 23hs na CBPI, por meses...
Minha primeira ação, na tarde do meu primeiro dia na Atlantic, foi reunir toda a equipe da informática no auditório, fui com meu melhor terno, queria causar boa impressão, mas o terno era na realidade de qualidade duvidável, então achei melhor tirar o paletó. Pedi que me fizessem as perguntas que desejassem. Alguns segundos de silencio, e sugeri que perguntassem sobre demissões. Tenho a impressão até hoje, que ali começamos uma relação de confiança mútua.
Não seria eu que definiria a equipe da informática e sim o gerente de FNI, mas identifiquei que em todo o processo, na informática e também nas outras áreas eu deveria influenciar para que todos tivessem uma chance, real e profissional. Como foi a orientação que eu recebi da diretoria.
Uma ideia muito relevante foi que quando um gerente fosse apresentar o organograma de sua nova área, que viesse colorido de vermelho os nomes oriundos da Atlantic e de azul os oriundos da CBPI, de forma que visualmente poderia ser verificado o balanço entre as equipes. Não deveria ser normal que em uma área de uma empresa tivesse todas as pessoas melhores que sua congênere.
Enfim em FNI, assim como na maioria das áreas, foram mantidas as pessoas que pareciam ser bons profissionais. Penso que foi feito o melhor possível naquele primeiro momento.
Esses dias foram tensos, pra todos. Mas me lembro deles com orgulho pelo trabalho que fizemos, todos. Sem uma consultoria externa de renome, com nossas próprias equipes. A incorporação foi um sucesso, como data e hora marcados.
Na última reunião antes da data da assembleia de acionistas, quando seria oficializada a incorporação e todos os sistemas e procedimentos deveriam estar unificados, o diretor superintendente me perguntou:
"Kiko, não estamos esquecendo nada?"
Só pude responder:
"Se estamos esquecendo algo, eu não me lembro."
Francisco Bueno dos Santos, Kiko
29/05/2023
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