Naquela época, décadas de 1980 e 1990, voavam pelo Brasil algumas empresas aéreas que já nem existem mais, como a Varig, a Vasp, a Cruzeiro do Sul e a Transbrasil. E a TAM, do Comandante Rolim, muito utilizada nas nossas viagens pelo Brasil.
Em diversas delas ocorreram causos curiosos, engraçados e únicos, que mereceriam registros detalhados em uma publicação a respeito.
Certamente temos lembranças a relatar e, como não vou conseguir descrever muitas delas, já fica o desafio de enviarem suas contribuições (nada mais do que três ou quatro parágrafos curtos) para que eu possa acrescentá-las a essa crônica. A ideia é que ela tenha uma dinâmica própria que valorize mais ainda nossas memórias.
Com esse objetivo em mente, procurei vídeos no YouTube que reavivem algumas dessas experiências - são apresentados no final desse texto.
São José do Rio Preto
Uma das histórias aconteceu quando quatro ou cinco profissionais de Informática e pelo menos um da área de automação (Operações) foram visitar o projeto de automação do carregamento dos caminhões nas bases de distribuição.
A viagem de ida foi relativamente tranquila, com escala em Congonhas e segundo voo num avião Fokker F-27. Chegamos bem, fizemos a visita, conhecemos o protótipo e pudemos começar a pensar na sua integração com o sistema Abadi.
Mas a decolagem na volta foi sacudida por ventos que deviam vir de todas as direções. O avião sacudia, sacudia, sacudia e nada de levantar voo. Foi quando alguém, conhecido por ser muito espirituoso, disse, quase que gritando: “se esse avião cair muita gente vai ficar feliz. Vão ser abertas várias vagas na Ipiranga!”.
Aí mesmo é que o clima ficou tenso! Mas, felizmente, o piloto conseguiu “tirar o avião do chão” e o resto da viagem até São Paulo, apesar do mau tempo, foi muito mais silenciosa do que o normal…
Rio Grande
Voar de Porto Alegre para Rio Grande no bimotor da Ipiranga (acho que um Cessna 421 - até 6 passageiros) e depois de volta, foi uma verdadeira aventura, mesmo pra mim, filho de militar da Força Aérea Brasileira, habituado a voar, desde pequeno, em quase todos os tipos de avião, desde os da 2ª Guerra Mundial até os mais atuais. Além de chegar e/ou sair de quase todos os tipos de aeroportos!
Na ida, tudo foi novidade. Outros dois funcionários (acho que da Refinaria) estavam no mesmo voo e não aconteceu nada de anormal, além do que eu já esperava. Pouca conversa e a expectativa de chegar logo ao destino e começar logo os trabalhos.
Os sustos aconteceram na volta (coincidência?). Eu era o único passageiro e o piloto (já tinham me dito que ele era meio “excêntrico” - definição elegante pra ele), usando um verdadeiro chapéu de caubói, resolveu demonstrar suas habilidades para mim…
Começou tirando rasantes das boiadas nas fazendas que ficavam na rota, assustando as pobres vaquinhas, que saiam em disparada. Depois resolveu desligar um dos motores “pra treinar um voo de emergência…”. E, finalmente, quis passar os controles pra que eu “sentisse” o avião… UFA! Daí em diante, preferi viajar pra Rio Grande de carro!
Rio - São Paulo
A Ponte Aérea sempre foi a mais utilizada por todos que tinham trabalhos a fazer ou no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Servida pelas principais companhias aéreas brasileiras, reservava algumas surpresas para seus usuários. Desde a correria pra conseguir vaga no próximo voo até a alegria de chegar em casa com segurança.
Alguns aviões deixaram muita saudade, mas o Electra II passou da conta. Quando, no verão de 1991, sua aposentadoria na Ponte Aérea foi anunciada, o humorista Jô Soares afirmou: “Foi meu companheiro de profissão. Começamos juntos. Nunca me deixou na mão. Agora, na troca pelos jatos, saio perdendo: ganho 10 minutos de viagem e perco 10 minutos de espaço…”.
E chegava a era dos jatos. No início da década de 90 a TAM lançou a Super Ponte TAM. Tudo começava na sala de embarque com salgadinhos e bebidas à vontade, além de música ao vivo.
Na porta do avião (não esquecer o icônico tapete vermelho), o Comandante Rolim distribuía balas de caramelo. Antes da decolagem as comissárias serviam licor no copinho de chocolate e durante o voo um prato quente. Era “o jeito TAM de voar”!
Boa viagem!
Ricardo Bretz Costa
10/12/2023
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