Lembro que quando cheguei à Ipiranga (1986), o layout dos quase dois andares ocupados pela Divisão (segundo andar inteiro e boa parte da metade do terceiro andar) utilizava divisórias em X, quase que artesanais (exceto, obviamente, dentro do CPD). Elas criavam um ambiente adequado ao trabalho, com isolamento acústico razoável e com boa privacidade, que permitiam a concentração necessária para os trabalhos que deviam ser feitos mas não facilitavam muito a instalação de novas tecnologias.
Algumas poucas mesas digamos, comunitárias, chamadas bancadas, já dispunham de poucos terminais IBM 3270 para que os programadores e analistas pudessem desenvolver seu trabalhos. Eram importados (por isso muito caros) e só em 1989 começaram a ser fabricados no Brasil.
Nos finais de 1980 começavam a aparecer os primeiros microcomputadores e iniciamos lentamente a migração dos 3270 pra eles.
Já na década de 90, depois da aquisição da Atlantic (1993), passamos por outra mudança “evolutiva”, com mobiliário especialmente projetado para o nosso tipo de trabalho. Contam que João Pedro disse a alguém, no elevador: “Chega de querer aproveitar os móveis da Atlantic. A Ipiranga tem que ter mobiliário padronizado e adequado às suas necessidades!”.
Para a área de Informática, o mobiliário incluía uma mesa em L, um gaveteiro e um armário suspenso para cada ocupante. Além de todas as capacidades para cabeamento e energização, o que propiciava uma melhor manutenção e instalação de novas facilidades.
Dito isso, também lembro de algumas situações que tiveram que ser muito negociadas para atender, da melhor maneira possível, as expectativas de todos com relação ao novo layout:
alguns pediam para ter sua baia perto das janelas do andar;
outros pediam para sentar perto da porta de entrada do andar;
alguns pediam pra sua baia ser próxima da baia de outro(s);
e uns poucos queriam sentar perto das salas do chefes ou dos gerentes (!);
sem contar que outros achavam que a ordem das seções no andar definia a respectiva importância!
Relembrando alguns ensinamentos do Zig, procuramos otimizar a produtividade e a qualidade das condições de trabalho de todos. Circulação, iluminação, cooperação e interação também foram parâmetros considerados.
Simples, não?
Tudo definido, passamos à implantação. E depois que todos experimentaram seus novos lugares, enfrentamos durante algum tempo, algumas situações únicas (lembre-se das resistências à mudança, que todos nós temos!):
onde o fulano está sentado agora? Preciso falar com ele…
minha cadeira antiga era mais confortável…dá pra devolver?
posso pendurar meus “enfeites” na minha baia?
não gostei… minha mesa antiga era melhor…
não tenho espaço pra guardar todas as minhas coisas…
tem uma boca de ar condicionado bem em cima de mim…
Alguns estavam de férias quando a mudança foi feita. Ao chegarem, as reações foram curiosas:
caramba! Ficou bonito! Gostei!
sobrou algum lugar pra mim? Onde é que eu sento?
agora sim! Vai dar pra trabalhar direito…
Passado algum tempo tudo foi sendo resolvido e estabilizado e as reclamações foram diminuindo até acabarem!
Ufa!
Ricardo Costa
02/05/2024
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