Aquele software desenvolvido em casa, com tanto tempo de bons serviços prestados, estava com os dias contados. Precisávamos evoluir. Fomos então ao mercado procurar o que havia de “automatização de schedule” para testar .
De pronto, o concorrente da empresa de presença mais significativa no mundo do mainframe, foi descartado: a "ardida" experiência de sua implantação num falecido banco tinha sido suficiente.
A maior adversária da empresa acima também se candidatou. Não com o software padrão, ciente que estava dos parcos recursos de seu produto, mas com um outro que desconhecíamos: o SW “A”.
Na outra ponta, aquele que gozava da hegemonia no meio dos usuários do grande porte, se ofereceu para participar do exame: o SW “B”.
Foi dada a partida e não foi difícil perceber logo a larga superioridade de “B” perante “A”. Dentre outros aspectos, o que mais pontuava contra o SW “A” era o caos das telas. Elas não dispunham da harmonia plena de sentido, objetividade e clareza encontrada no oponente. Faltava-lhe o que transbordava no outro: a qualidade da análise e concisão da informação (coisa de uma tal de “organização e método”).
Perguntei ao representante técnico de “A” por que daquele jeitinho tão ... como dizer ? Tão "híbrido" (pra não dizer “confuso”). E ele informou que o SW era fruto de uma composição de vários outros SWs do gênero, adquiridos por conta da incorporação de várias outras empresas ao patrimônio da atual detentora. Ou seja, tratava-se realmente de um Frankenstein.
Mesmo assim a contenda não foi fácil. “A”, financeiramente, custava muito menos do que “B”, sem contar os outros atrativos oferecidos pelo fornecedor de “A”.
Argumentamos o mais que pudemos para apoiar nosso gerente na defesa, diante da diretoria, na tentativa de aprovação de um software significativamente mais caro, porém mais adequado, eficiente e sólido.
Obtivemos êxito. O investimento fora do orçamento anual foi aprovado pelos diretores! E mais do que isso, escapamos de receber desesperados telefonemas, às 3 da manhã, com Reizinho perguntando com todos os decibéis possíveis:
_ GatÔOooona !!!O que que eu boto aqui no campo “autifóffcéufi”?
_ Ahn? Quem? Que? Aonde, Rei?
_ Eu já disse na tela, antes,... na outra tela ... aquela ... outra ... mas ele tá perguntando outra vez !
Aquela colcha de retalhos não iria nos poupar dos justos protestos do nosso ardoroso companheiro.
Dormir com a sensação de que o schedule precisaria de uma secretária bilíngue para funcionar não era realmente a opção mais saudável.
Nem para nós nem para a empresa.
E a vida seguiu, renovada e sadia!
Fátima Vianna
09/04/2024
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